Desmurados
Algumas, das muitas imagens que flagrei na Prisão de Alcatraz ( San
Francisco- CA), e que me hibridizaram o olhar.
Estive lá como "visitante" e trouxe comigo a força do contraste entre
a exuberância liberta da natureza e as dores do cativeiro, contados em verso,
versinho, prosa e cenas no hoje Museu cosmopolita onde turistas de todo o mundo
se acotovelam em busca da melhor foto.
A narrativa da história, que nos chega em fones de ouvidos em todos os idiomas,
enquanto desfilamos pela arquitetura prisional , não poderia deixar de ter um
grande final: uma loja de souvenirs onde objetos de todo o tipo eternizam
lembranças (que se deveria esquecer!) que vão desde reproduções de chaves de
celas (notadamente as que abriram as portas para a grande rebelião lá havida)
até o "quase nada" que restou para contar da fuga nunca
esclarecida dos irmãos que desapareceram mar adentro e baralhos com
fotos e scripts dos notórios "criminosos" que fizeram a
"glória" da fortaleza, dentre os quais Al Capone ocupa um lugar
mitológico. É o nosso Fernandinho Beira-Mar, ambos à Beira-Mar; ou melhor,
Fernandinho é o Al Capone da periferia colonial.
O capitalismo não perdoou a impressionante beleza da Ilha de ALCATRAZ, nem no
ATACADO (o passado prisional, que lhe figurou a fina funcionalidade) nem
no VAREJO (o presente de 1,99).
Como pudemos construir tamanho orgulho com a mais-valia da dor?
Por Vera Regina Pereira de Andrade